Pesquise na » LAGOA «

:: O sonho ::

Não sei se foi um sonho, ou se realmente aconteceu e minha imaginação trabalhou para que eu visse... Mas principalmente, sentisse!

Lembro de ter acordado cedo, mas tão cedo que ainda era noite e pude ouvir os sons da noite deitada na cama. Mas a melhor parte mesmo foi quando senti um braço ao redor da minha cintura e seu corpo relaxado, mas colado em mim por trás, senti uma respiração no meu pescoço como de alguém que dorme calmamente, tentei me mexer na cama e instintivamente seu abraço me apertou, mesmo sem você acordar...

E eu sorri!

Consegui devagar me virar e olhar para você. Tinha um sorriso feliz no rosto, como se estivesse sonhando com algo bom, algo realmente muito bom... Fiz um carinho de leve em seu rosto, nos seus cabelos e você gemeu como que reclamando do inesperado contato e com isso, ganhou um beijo. Seu rosto voltou a ficar sereno e com sorriso, mas você ainda dormia confortável e tranquilamente ao meu lado.

Suspirei fundo de felicidade, tê-la ali ao meu lado, na cama, dormindo sorrindo e feliz... E assim, adormeci novamente, admirando seu sorriso enquanto dormia, velando seu sono.

Acordei algumas horas depois, o sol já batia na janela, os passarinhos já não cantavam, mas os motores e as vozes me fizeram ter certeza que já era tarde, muito tarde. Olhei no relógio e com grande susto percebi que eram nove horas da manhã...

Foi quando me lembrei do sonho (ou da imaginação), lembrei de você dormindo agarrada em mim, lembrei do sorriso que vi estampado em sua face enquanto dormia e lembrei do beijo roubado na madrugada.

E isso me deixou triste...

Triste por perceber que foi apenas um sonho, não era verdade, não tinha sido... Afinal eu estava sozinha na cama como sempre. E como ficar deitada me fazia lembrar ainda mais do sonho que pareceu tão real, mas não era... Então me levantei.


E maior foi minha surpresa quando olhei para escrivaninha ao lado da cama e ver um papel dobrado ao meio, escrito apenas "Para você", em uma linda caligrafia, inclinada e de uma forma um tanto quanto itálica. Peguei o papel e abri com cuidado para ler o que estava escrito:
"- Tive uma noite maravilhosa com você em meus braços... E que seja para sempre assim... De hoje em diante! Não a acordei pois não tive coragem, estava com uma expressão tão doce e tranquila, parecia desfrutar de um lindo sonho."
E no rodapé do bilhete, algumas flores desenhadas e uma frase:

"Flores para você... Tenha um bom dia!"

É...
Foi de verdade!
Sem perceber eu estava sorrindo. E assim, iniciou meu novo dia!

Minha "PERFECT SLAVE"


21hs.
Primeira badalada do relógio: começou um verdadeiro temporal do lado de fora.
Segunda badalada: você ainda tinha alguns segundos enquanto o relógio batia, mas nada naquele momento me fazia acreditar que cumpriria com o horário.
Com o wisk na mão, sentei-me em minha poltrona e aguardei o seu retorno enquanto o relógio bateu a última badalada, marcando enfim o seu atraso.

~ Algumas horas antes (...)


O dia começou muito bem, não a vi ao acordar, porém meu meu café da manhã já estava no criado ao lado da cama. Tomei meu banho, me vesti, desci as escadas e encontrei-a na cozinha já arrumando as louças do café.

Há mais de um mês não saíamos mais atrasada de casa. E tinha algumas semanas que eu já não precisava castigá-la e isso, me deixava com um excelente humor.

Antes de sair de casa, segurei seu braço e ordenei:

- Ajoelhe aqui. Agora olhe para mim e responda quando eu perguntar. ordenei à você. - Quando foi  que recebeu sua última punição?
- Quando eu deixei a temperatura da banheira abaixo do ideal, fazem 42 dias Senhora.
- E qual foi a punição que você recebeu?
- Fiquei sem jantar Senhora.
- Acredita que mereceu a punição?
- Sim Senhora, não prestei atenção e na hora de executar minha obrigação fiz errado, a Senhora fez certo em me castigar para que eu prestasse mais atenção e não errasse novamente, sinto muito Senhora. - Dizendo isso você abaixou a cabeça.
- Olhe para mim. (...) Faz exatamente isso, 42 dias que não preciso lhe punir, 42 dias que você tem andado na linha. Comprei um agrado para você usar durante o dia no seu horário de trabalho. Feche os olhos e preste bem atenção no que vou dizer: 'Quero que use TODOS OS DIAS quando sair de casa'.
Frisei bem 'todos os dias'. Após colocar a coleira em seu pescoço disse:
- Levante e olhe no espelho. Gostou?
- É lindo Senhora, tudo o que a Senhora gosta eu adoro.
- Você vai usar esta coleira todos os dias quando sair de casa, se algum dia eu disser que não é para usar, somente nesta ocasião quero vê-la sem.
- Como todos animais de estimação usam uma coleira para mostrar que tem donos, a partir de hoje, você usará esta coleira todos os dias quando sair de casa e, se algum dia eu a vir na rua sem a coleira, farei com que se arrependa de não tê-la usado. Entendido?
- Sim Senhora, muito obrigada.
- Quero que as pessoas saibam que você tem uma dona. E se por acaso alguém lhe perguntar o significado você dirá exatamente isso: "minha dona gosta de me ver encoleirada, por isso uso uma coleira com seu nome".

Sem que eu precisasse dizer nada, você ajoelhou, beijou meus pés e depois minhas mãos em sinal de agradecimento.

(...) minutos mais tarde a deixei na porta do seu trabalho, antes de descer do carro, como de costume, você beijou minha mão e saiu. Por volta das 10hs da manhã, recebi uma ligação sua, surpresa, afinal você só ligava ao meio dia, educada como sempre disse:

- Senhora, desculpe-me ligar nesse horário, gostaria de lhe fazer um pedido. Se o horário não for lhe for inconveniente.
- Diga, mas seja breve, tenho um compromisso em seguida.
- Gostaria de pedir permissão para jantar com uns amigos depois do trabalho.
- Vou pensar, respondi e desliguei o telefone sem esperar resposta.

Pensei naquele pedido, claro que você nunca ia a lugar algum sem a minha permissão, era parte do nosso contrato. Eu tinha planos para aquela tarde e provavelmente chegaria em casa mais tarde do que o normal, mas não respondi naquele momento. Sabia que com certeza você ligaria de novo, afinal, todos os dias antes de almoçar você sempre ligava.

E meio dia (em ponto) o telefone tocou:

- Boa tarde Senhora! Estou ligando para informar que acabo de sair para almoçar.
- Coma menos carboidrato hoje.
- Sim Senhora.
- Algo mais?
- Gostaria de saber se tenho permissão para ir no jantar logo mais a noite.
- Porque você quer ir nesse jantar?
- Se for do agrado da senhora, gostaria de ir no jantar pois hoje é o aniversário da Dra. Daniela e meus colegas do serviço querem fazer uma confraternização.

Eu já sabia qual resposta daria, mas quis fazer suspense. Então alguns segundos depois eu disse:

- Você tem minha autorização para ir no jantar.
- Muito obrigada senhora.
- Entretanto... Chegarei às 21hs e quero você esteja me esperando sentada no sofá e de pernas cruzadas.
- Estarei lá senhora.
Como você nunca desligava o telefone antes de mim, aguardou que eu desligasse. E assim seguiu o restante do dia.


Impreterivelmente as 20:50 hs cheguei em casa e você não estava lá.

Deixei minha bolsa na mesa, fui até o quarto vesti o roupão de seda, calcei chinelo, peguei o chicote e voltei para o bar, preparei minha bebida, tomei um gole ainda no bar e então me sentei na poltrona.

De pernas cruzadas, chinelo balançando no pé e a bebida na mão foi assim que aguardei até que você chegasse.



Vinte minutos depois, a porta abriu e você entrou toda molhada, sem que eu sequer lhe dirigisse o olhar, assim que trancou a porta, você se ajoelhou aos meus pés e me pediu perdão pelo atraso.

Sim. Eu podia lhe perdoar, afinal estava chovendo, mas se eu perdoasse um erro, quantas vezes mais você erraria? Quantas vezes mais me deixaria esperando? Então tudo o que eu disse foi:

- Cale-se! - E lhe dei uma leve chicotada para que você aprendesse que só poderia falar quando eu lhe desse permissão para tal.

No mesmo instante, você abaixou os olhos como eu ensinei, linda como você era, estava virando uma mulher perfeita adestrada dessa forma, minha querida 'slave'. Terminei meu wisk, descruzei e cruzei as pernas e mandei que me olhasse. Ah! Aquele olhar. Não era medo, mas respeito. Sim, você tinha aprendido. Então eu disse:

- Permiti que fosse no jantar com seus amigos e me lembro de ter dito que era para estar em casa quando eu chegasse.

De uma forma tão natural como era para você obedecer, era para mim dar ordens, então ordenei:



- Levante e me sirva outro wisk.


Lindamente você se levantou, preparou o wisk, colocou dois cubos de gelo, como eu gostava, voltou me entregou a bebida e sem me olhar, voltou a se ajoelhar aos meus pés. Bebi o wisk, pousei o copo ao lado da poltrona e perguntei com um sorriso irônico nos lábios:

- Como você acha que devo te punir?


Claro, nesse quesito, você já estava bem adestrada, já tinha levado muita chicotada por falar quando não lhe era permitido e continuou olhando para o chão.

- Olhe para mim! - Eu ordenei.

E passei os dedos em teu rosto, segurei firme em teu queixo deixando marcas das minhas unhas e disse:

- Fique em pé.

Você obedeceu sem questionar.

- Agora, tire suas roupas levante os braços e coloque as mãos na cabeça.

Quando você estava tirando o sapato mandei que ficasse com eles. Apreciei a vista, você nua em minha frente, com as mãos na cabeça, apenas de scarpin. Levantei do sofá, deixei o chicote na poltrona enquanto segurava meu drink. Com a outra mão ergui sua cabeça para que me olhasse nos olhos e disse:

- Você está 20 minutos atrasada. - Mais um gole no wisk continuei. - Receberá uma chicotada por cada minuto.

Terminei a bebida, deixei o copo na poltrona e peguei o chicote. Foi com muito prazer e satisfação que lhe dei aquelas chicotadas. Meu sangue estava fervendo, mas não poderia deixar que aquilo acontecesse de novo. Depois que terminei perguntei:

- Vai se atrasar mais alguma vez?
Sem uma lágrima perdida sequer no rosto você respondeu:
- Não, nunca mais senhora.

Cheguei perto do seu ouvido e disse:

- Ótimo, odeio esperar.

Fiquei alguns segundos olhando para você, e disse:

- Agora saia da minha frente! Vá preparar a banheira. Quero meu banho com sais.


E mais uma vez (porque será que faço isso?): Fazendo da 'Lagoa' meu confessionário...

Não sei exatamente o que escrever. Mas to sentindo vontade de deixar os dedos dedilharem o teclado e escreverem o que eles mesmo quiserem, sem pensar, sem questionar o porquê...

(...)

Alguns (muitos) anos atrás meu pai foi embora, na época ele tinha mais dois filhos com a (então) atual esposa dele. Ele mudou de cidade e nunca mais nos falamos, coisa que naquele começo foi bem difícil, porque meu pai era para mim o "super pai herói" (como acho que é para muita filha / filho).
Lembro das vezes em que ele parava o tiozinho do picolé (vulgo picolézeiro) e deixava que nós (eu, meus primos e meus vizinhos) pegássemos quantos picolés quiséssemos. E os passeios para andar de bike / patins e todos os meus gostos que ele sempre fez.
E o fato dele ter ido embora, nunca ligado, deixou em mim uma marca muito grande, profunda. Só eu sei o tanto que senti falta, talvez, as pessoas que conviviam comigo naquela época soubesse, tenha percebido, mas não me lembro se alguém alguma vez comentou alguma coisa.
O fato é que, alguns anos depois disso, eu já namorava, já levava uma vida diferente daquela menina de quando ele tinha ido embora, mas aquela falta, aquele buraco que ele deixou nunca foi (novamente) preenchido. Então, ouvindo um e outro, resolvi escutar alguns conselhos e liguei para ele, e ouvi uma frase que ficou cravada no peito durante MUITOS anos, qual frase? Ah! sim: "eu não tenho nenhuma filha em Campo Grande!" (como assim, o que eu era "então"?).
Posso dizer com toda certeza, ouvir aquilo doeu muito mais de quando ele tinha ido embora, doeu mais do que a vez que ele me bateu e doeu muito mais ainda por eu ter passado por cima de um orgulho que eu tinha para ter ligado. Foi uma das piores frases que ouvi na vida, mas né. A vida continua; e continuou!

(...)

Anos mais tarde, ele voltou para a cidade, não por livre e espontânea vontade, mas porque alguém o trouxe, porque ele, os filhos e a mulher dele estavam passando uma situação bem crítica na cidade, então o irmão dele o trouxe de volta. Mas aí é que entra o problema (o GRANDE problema!), que ele tinha problemas com cigarros / bebida isso eu sempre soube, porque assim como tenho na memória a imagem do picolézeiro da minha infância, lembro também as vezes em que ele vontade para casa (do bar) trançando as pernas de bêbado, (e também) das confusões que ele arrumava porque sempre bebia demais, e eu não sei se de certa forma me tornei / sou (um pouco (ou muito)) amarga por ele ter ido embora, por nunca ter me procurado, por ter dito que eu não era filha, por 'n' motivos, ... O fato é: quando ele voltou, eu não conseguia reconhecer naquele homem debilitado por seu vício o meu pai, aquele homem que um dia num passado (que parecia MUITO distante) me levou nos parques, para andar de bike, me levou para conhecer o Pantanal, viajou comigo várias (e várias vezes). Aquele, era um estranho (e porque, ah! Claro né... Eu não podia me sentir mal, triste e tudo mais mesmo que tenha ouvido que não era filha dele).
O perdão, você esquece... Mas naquela época, eu não conseguia perdoar e continuei vivendo minha vida, que acabou me levando para bem longe da cidade. Anos mais tarde quando eu finalmente voltei, de novo (e de novo) veio a cobrança das outras pessoas "é teu pai, está doente e precisa de auxílio!".

(...)

Tá! Mas e quanto a mim? Eu era MESMO obrigada a ouvir as coisas e ficar calada e aceitar numa boa porque ele "era meu pai?" Não e não, né! Mas (a vida / destino / Deus / a história) assim quis e acabamos nos reaproximando (novamente). E, esse nosso encontro, posso dizer que não choveu rosas e flores... Foram lágrimas, cobranças e descarrego. Tirei tudo fora o que estava no meu peito, lavei a alma (como dizem), falei tudo aquilo que eu guardei durante o que? (dez anos!? Muito tempo para guardar as coisas dentro de si, não é não?!) Eu chorei, ele também... Mas mesmo assim, ainda ofereci ajuda, se ele quisesse sair daquela vida que estava levando, se quisesse mudar, melhorar, eu ajudaria. Não obtive resposta dele, continuei no rumo da minha vida... E de novo, nos encontramos, lembro bem desse encontro, porque (acho) que o que eu tinha falado para ele, causou algum impacto, ele foi me ver, e ali estava ele, da mesma forma que eu me lembrava de quando ele tinha ido embora, bonito (gordo, aparência saudável), não bebia há meses... Senti orgulho (naquele momento). Chorei, mas dessa vez, as lágrimas eram de alegria. Não tinha muito como recuperar o tempo perdido, dez anos não eram bem dez dias... E alguns dias depois, ele se entregou novamente ao vício.
Tentei, argumentei, falei que ajudaria, mas nada... Ele dizia: "quero morrer e vou beber até o último dia da minha vida!".

(...)

Como ajudar alguém que não quer se ajudar?! Como?? (...) Esse foi realmente um grande dilema e desta vez, eu simplesmente deixei de mão, saí de fininho, argumentei e ele não quis ouvir, então falei "não vou ficar aqui e tentar ajudar quem não quer ser ajudado, vou dar apoio aos seus filhos, coisa que você deveria fazer, não se preocupe comigo, eu não mudo mais, já to calejada, mas eles, são crianças e precisam da presença do pai na vida deles... É isso mesmo que quer ensinar como certo para eles? Morrer de tanto beber dentro de um bar?" E aquela, foi nossa última conversa.

(...)

A perda...

.
.
.

O que falar quando se perde algo precioso, algo valioso? No meu coração eu já tinha perdido (e duas vezes)... Achei que não me abalaria, demorei a chorar, demorei a sentir, mas quando deixei as emoções tomarem conta, chorei (e não foi pouco), senti muito, me culpei muito mais... Afinal, nossa última conversa não tinha sido lá tão amigável. E o pior de tudo isso, foi passar por este momento sozinha, as pessoas sempre me viram como forte "você é forte, você é corajosa!" (sempre ouvi isso), mas o que algumas nunca percebeu que sou sim, não nego, mas que eu também preciso de um ombro amigo para chorar, também preciso de alguém que me faça carinho, que cuide, que se preocupe, tanto quero mostrar que não sou tão forte assim e também quero ter o direito de... de ser fraca (e ponto!). Eu choro (e MUITO!).
O dia foi tranquilo, amigável, mas lá no fundo, apesar de todas as risadas que dei hoje, eu senti uma falta incrível, afinal, hoje ele faria aniversário... Mas de quem afinal eu sinto falta?

(...)

Aí esta o ponto, estou de luto, triste e (acho) que sempre vou sentir falta é daquele lá atrás... Aquele que eu entrava embaixo do tanque e pegava um graveto e "fingia" conversar no telefone com ele e quando saía de lá eu falava: "Vó faz macarrão que meu pai vem almoçar hoje!" (e ele estava viajando, geralmente tinha um mês ou mais, e às vezes ficávamos uma semana sem nos falar), mas... Chegava a hora do almoço e ele entrava em casa falando: "dona Salvadora sobrou comida para eu almoçar? Estou com fome!"

Neste momento? As lágrimas rolam... E rolam soltas lembrando dessas cenas. E por esta pessoa que estou de luto, por esta pessoa que choro. Não foi um final muito bom, pelo menos eu nunca vi aquele como um final merecido, mas...

Sentirei saudades (sempre). Saudades eterna, mas é hora da despedida:
Descanse em paz...